sábado, 26 de setembro de 2015

Você, eu, e 3 passarinhos cantando
















Era um breve chá de hibisco,
Era eu, era você e eram três passarinhos cantando.
Era um canarinho misturado
com uma rolinha e um beija-flor

Era um som, um sino dos ventos de madeira
Era a espiral do tempo rodando a casa inteira
Era a hora passando tão ligeira
Era eu dilatando, o ar e seu rodopio,
O vento na barreira, na pele permeia
A vontade de sonho, o medo do frio
Como cego que a roseira tateia
segue o fio, fugindo do corte
Na língua da sorte, precisa ser forte
pra cantar tão alto quanto a sereia.

Era eu viajando em cada piscada
Era eu contando, quantas milhões de palavras cabem
em cada milésimo de silêncio.
Eram os teus olhos como faíscas
Era uma luz como uma isca

Era a ponta dos meus dedos, procurando os teus ventos
Era eu seguindo os teus movimentos
Como vagalume hipnotizado
Pela fogueira no escuro
Era eu sendo imantado
Atraído por um futuro

Era uma travessia
Uma energia
Uma estrela brilhando de dia
Era tanta coisa na mente,
Que busquei os sinais de uma linguagem fluente
Encontrei no contraste, amavelmente
Algo entre o mate e o chocolate quente

Era eu beijando a xícara
Era você olhando o céu
Era eu tentando pisar no chão, mas sem conseguir.
Era você explicando, do que lhe era sagrado, de uma forma passiva.
Era eu tentando disfarçar
Que agora a xícara conhecia, a nossa saliva
  
Era eu comentando
Das arquiteturas do ser humano
Dos sentidos de uma casa antiga
Era uma árvore cantalorando,
em forma de sombra, uma velha cantiga
Era eu fogo, me tornando brisa
Era você fada, emanando brasa
Era você falando em neve
Era eu pensando em fogo
Era eu segurando um desejo
Mentalmente compondo um solfejo
Era eu relativizando
Sobre um vulcão coberto de neve
E um coração querendo um beijo

Era o teu magnetismo
Era eu adormecendo no colo da tua lua
Era eu soltando verbos
e os meus descuidos com a elipse
Era o meu sol se abrandando
Com as previsões de um eclipse

Era uma vista de telhado e de céu
Era uma prosa detalhada em pintar
impressões de muitas facetas;
Tinha o vermelho, na bochecha e no chá,
Na pele, o sândalo,
no pássaro, o pio
No olho, o pêndulo.

Minhas tímidas frases, quase caretas
Meus olhos estáticos tão fascinados  
Pelos teus cílios de borboletas.

Era a tua porta
Era a minha chave
Era o teu universo
Era a minha nave

domingo, 29 de junho de 2014

oceano bravo


pude notar o branco desta vida
pude sentir tudo negro.

pude nadar no oceano bravo.
não joguei a toalha,
estava preocupado em usar os braços pra nadar.

o nadador não nada borboleta no oceano bravo.
na tormenta não tem
água cristalina
o nadador só nada o crow
se for na piscina



domingo, 6 de outubro de 2013

Sobre o nível do mar

Hoje pensei no nível do mar que sobe,
E nos estudiosos que dizem, isso não deveria
acontecer.

Ando preocupado com essas coisas que não deveriam acontecer.
Porque são coisas que não tenho controle.
São coisas que eu não deveria mexer.
Mas estou quieto no meu canto, não mexo com nada;
Mas é o nada que vem mexer comigo.

O nível do mar foi subindo, subindo,
E eu te olhando, olhando,
E os cientistas dizendo, dizendo,  até 2020 tudo vai subir,
Que é pra ter cuidado.

Por que o mar não derrama? É claro que derrama.  
Quando o nível começa a subir, é que a água derrama,
descontroladamente.

Quando a água derrama, meu peito é areia.
Que derrete e afunda, Se acopla e se funde,
Com tanta vastidão, água, sal, espuma.
O mar habita na areia e a areia habita no mar.

Não há ciência que me explique,

Eu olho dentro dos seus olhos e o meu nível sobe.




terça-feira, 10 de setembro de 2013


canção do vento II  (vayú vayú vayú – do livro Canções do Vento)

espalha,
como pétalas
ao léu.
Chama o vento por um assobio

Invoca,
o silfo que vive no alto
e do alto
veja o sorriso desenhado
na nuvem.

Vento, de onde vem tu?
Vento, tu vem?
De onde vem tu, vento?
Tu vem, vem tu?

Vento noroeste, vem!
Toca as flautas
Toca o teto do mundo
Empurra as velas dos barcos
voavoavoa espalha-teespalha-teespalha-te
chegachegachega
vaivaivai
vayú vayú vayú       [vento, de onde vem tu?
              

sábado, 17 de agosto de 2013

Vou pegar a argamassa dos meus escritos, e construir meu Taj Mahal.
Vai ter festa com muita música.
Do Google Moon meu Taj Mahal será visto;
Do Google Moon será ouvida a playlist da música sem gravidade.


domingo, 21 de julho de 2013

au cœur de la flore


tão complexas as estações que passam,
sempre anunciam uma nova era
pois é atravessando um longo inverno  
que se chega à primavera.

mas era essa, a estação que abriga
suas madeiras e suas folhas
para não florear perto de mim, você então se escondia.
Porém eu te encontrava,
atrás do alfaiate que lhe fez bonitas vestes
toda a camuflagem um dia surge
da tristeza dos velhos ciprestes;
o centro da floresta que urge
bradando cálidos cantos silvestres.

De um outono que trouxe à tona,
as frutas de uma árvore oculta
em silêncio também chorava,
a queda de suas folhagens.

Aguardei, vi o sol chegar
esquentar as tuas ramagens,
Para deixa-la bem macia,
O sol então, acaricia,
Todo o caule do alecrim,
como lírios selvagens inebriados
Pelo cheiro doce da flor de jasmim.

São como camomilas recém-colhidas
Unidas a uma fresca flor-de-baunilha,
Banhadas em puro mel de abelha,
Como néctar que escorre
d’um riacho que se assemelha,
desagua no lago que espalha,
a luz que decerto te espelha.

Vênus, pátria das abelhas
me abriu um sorriso largo
estava feliz porque sabia
suas filhas extrairiam
o sumo de  todas as flores,
que transformam a lágrima salgada
em serenos rios de água doce.

e mesmo que estivessem geladas
por um resquício da friagem
as abelhas aguentam, e seguem viagem,

molhada por obra de fortes chuvas,
a abelha sempre enfrenta
o nível de toda situação
para fazer o seu mesclado                                                               
à todos os cheiros se atenta,

procura calêndulas e melissas,
dálias e rosas sem espinho,
e por cada dia da estação,
também recolhe no caminho,
alguns dentes-de-leão.

Eu pude ver a cor da voz
Cada som assim mostrava
um lábio coberto, um gosto incerto
suavemente aveludava
na avelã e no mel
casados com outros gostos,
que lembravam as frutas vermelhas
sei que aqui habitam abelhas
que arquitetam as suas casas;

a colmeia é arte sacra,
na forma do moinho de vento,
para que o pólen se propague
o moinho toma coragem
de superar um cata-vento 

a luz opaca da aurora,
revela os versos que eu fiz;
no coração da flora, mora

o segredo da flor-de-lis.                                                       

segunda-feira, 24 de junho de 2013

      


                               Aderir à revolta climática
                             Aderir à fumaça beber chuva ácida
                           Azia temporal, o interior    queima.