sábado, 21 de novembro de 2009

os insetos que invadiram uma casa]


a tarde é calma
mas são esses passos mórbidos que predizem
a queima da mata
e o vôo maluco
a desgovernança do trajeto]

a janela se abre
em forma de ferida
um barulho revela a pancada

o bater da asa que espalha
a tinta que era sangue
: um corante que era tinta

a barata e o inseticida
a vida e a barata,
asadelta de bicho]

o plano calculista
geometriza
a fusão
entre berro e zumbido.

a antena ou a briga
a fuga ou os olhos

defender um espaço
reivindicar um espaço

é por esse motivo
que um encara o outro:

egos que pelejam]

deveriam saber,
quando a cara fecha, a mosca vira outra

ninguém beija o que não quer]

algum filho corre
porque chora pelas mariposas

não se preocupe:
são apenas casulos].

domingo, 8 de novembro de 2009

vida batida



colisões
batidas físicas
batidas remixadas
funk de ultraleve
multi-dões

cruzamento de luzes
de olhos
e de dentes

pontapés que rolam
mola
enrola
engana
desfaz a dor

encrenca
desfecho
desenho
sangue
rosas

pró-fundidade
simultane-idade
complex-cidade
simpli-cidade
vital-idade
mortalidade.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

ilha de Sai


Ilha Sai

Algumas setas indicam muitas coisas, mas nem todas elas são inteiramente confiáveis e/ou exatamente apresentáveis.

Eu, por meio desta, humildemente venho praticar certo tipo de magia incontrolável pelo seu ego, que mortalmente se apaixonou pela princesa de Sai. Nesta terra todos saem.

É completamente isso que algumas setas querem dizer – SAI (Sutil Ai Iau), um lugar onde todos vivem saindo e ensaiando, sumindo e sonhando. Mas ao mesmo tempo, ninguém sabe pra onde vai. Só vai. E sai.

Eles utilizam o estigma do SAI para cultivar achismos de incapazes, mas diferentemente do absoluto, não é absolutamente diferente.

E se você encontrar um nativo da Ilha de Sai, procure não sair com ele, pois pode ser cilada. E também pode provocar encrencas e troubles. Mas como tudo tem o seu lado bom, assim como enxames estão para chamas e flutuar está para sim, eu vos digo para vocês que não dá assim não dá não.

Então, o SAI será usado como cumprimento, e em alguns casos, para comprimentos também.

Se por acaso você encontrar alguém que te cumprimenta dizendo – “Sai!” , diga-lhe – “Sai!” , também. Porque se você disser “Oi!”, ou “Beleza?”, ou “E aí, rapaz!”, a pessoa pode pregar uma peça em você.

Portanto diga, tatue, escreva e recite: SAI.


Por favor, SAI.
SAI.
Sai. SAI.


SAI. SAI. SAI. SAI . SAI

issaissassai sai ias sai ssa i. SAI (sai) (sAi) = sai

SSAAII ) Sai, SAAAAAi(i) [ sai @ sai ]


Há também um gesto. Preciso e radical. É gesticulado de forma a demonstrar para a pessoa que você deseja que ela saia.

Mais adelante, irei relatar alguns casos sobre a ilha de Sai e seu povo extremista, bem como se safar dos bubucos que vivem lá.

te amo?




essa é a expressão que mais desorienta o seu raciocínio. Nem te orienta, nem te desocidenta.

é uma expressão que te confunde, te deixa tonto, te faz repetir a mesma pergunta, te faz ficar maluco.

"Te amo?" é uma reconfiguração lingüística, jeitos e pensamentos voláteis, deixando a vítima completamente perdida na razão da norma do falar e do entender.

"Te amo?" é anarquizar, sem limitizar e ao mesmo tempo extinguindo as fronteiras do "não entendí". É o legítimo, é sagrado e o profano, é o chamar a atenção, é o bloco de notas.

Onde essa expressão aporta, faz-se de bizarra, mas com um tom de gíria longínqua. Mas não é gíria longínqua, tampouco gíria. "Te amo?" é uma aula de amostra de entendimento mútuo e de quebra de contrato com os burocratas.

Não adianta pedir pra repetir, pois é isso mesmo que você ouviu: "te amo?"
.;

...,

.

.; ,

: ¨

, (...)

.;. :;

.


O poema infalável

É um poema infalível.

sábado, 2 de maio de 2009

um texto de apresentação de um blog que eu não cheguei a fazer:

MINI - APRESENTAÇÃOZINHA (pra vc entender melhor o sentido do uivar pro sol)
sou um garoto que tá por aí nessa terra maluca, andando, falando, escrevendo, vivendo.

esse blog não sei ainda de que sabor será, mas um tuti-fruti do bem e do mal não seria nada mal, entonces, curta aí ou deteste aí minhas

escritas, minhas piadinhas sem graça, meus textos exquisóides, minhas pantagruelices, minha pós-modernidade barroca, minha barba, minhas mentiras, minhas verdades, minhas vaidades, minhas calabocas, meus tesourinhos, minhas critiquinhas, minhas historiássas, minhas preferências de planetas, meus mundos, minhas vidas passadas, minhas previsões para saber se panurge realmente deve se casar, meus poemas ao contrário, ou seja, meus peomas, minhas biografias, minhas braguilhas, meus dinossaussers, meus protótipos, meus números, minha astrologia do horóscopo de uns lugares por aí, principalmente do planeta Principalmente, e por fim (mas não principalmente), meus fatos e proezas espantosos.

tudo bem pra você?

por que, ólha, eu não vou te explicar nada.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

um poema do livro jamais entendu

Cosmopolitopoema

Divido-me em muitos

Elemento-me em tantos

prédios plantados no coração

da cidade.

Árvore gira ao redor da pista

Trecho em cinza - um café em branco.

uma palavra solta ao meio-dia

outra palavra: escrita dentro de um táxi.

gestos gritados na condição do poema - bem no centro.

andei durante horas

mas poucos sabem o que vim fazer aqui,

cidadefico-me.




* esse poema também está na revista Altitude Tropical, de Milton Cesar Pontes, Ouro Preto - MG.

Creative Commons - tudo fica mais fácil quando você não precisa de intermediários.

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.




para entender a licensa creative commons:

http://www.youtube.com/watch?v=izSOrOmxRgE

recebam meu livro por email!

se quiser dar uma lida, me mande seu email que te mando meu livro.

danielbosi@yahoo.com.br

essa obra está licensiada por uma licença Creative Commons - alguns direitos reservados.

Creative Commons License
Jamais Entendu by Daniel Bosi is licensed under a Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil License.

Olá, meus bons Fósteres!

Primeiramente olá pra todo mundo,

meu nome não é Daniel Bosi, mentira, é sim.

segundamente, acabo de escrever um livro. Chama-se Jamais Entendu. É uma compilação de alguns escritos produzidos entre os anos de 2003 e 2009. São poemas, textos e trechos de alguns comentários e textos de um antigo fotoblog que eu tinha.

O título tem esse nome estranho. soa engraçado. Parece francês, mas leia-se como se fosse português, faz favor.

foi assim: eu tinha 16 ou 17 anos e pensei em montar uma banda com o Vinicius Fabio (um bródway meu, grande poeta marginal), e uma das idéias de nome pra banda seria Jamais Entendu. Eu achei essa expressão no dicionário. O significado é:


jamais entendu: Neurol. e Psiq. Ilusão epiléptica [q.v.] que representa manifestação epiléptica crítica, e durante a qual o paciente interpreta mal sensação ou sensações sonora(s) que, entretanto, percebe bem e que passa(m) a ter, para o paciente, características anormalmente familiares.


achei bem louco. gostei. mas acabamos deixando pra lá.
agora estamos em 2009 e acabo de escrever esse meu livro que até pouco tempo atrás estava sem título ou com títulos temporários. Do nada me veio à cabeça a lembrança do Jamais Entendu. E re-pesquisei o que significava. Achei que se encaixava perfeitamente. Aí ficou assim: jamais entendu.

o significado também é bem encaixável com o conteúdo do livro. Lembro-me de um amigo, Heyk Pimenta, que numa conversa sobre vender livros independentes, disse que quando ofereceu seu livro para uma senhora no centro do Rio de janeiro, ela disse: "Ah, meu filho, vou comprar pra te ajudar...". Então ele disse: Não, mas sou eu que estou te ajudando!

a importância está nas duas relações, leitor-escritor, escritor-leitor. O que leva ao leitor à um status de paciente. É saudável para as pessoas que elas leiam livros, leiam coisas.

Transformando-se num paciente, o leitor pode sofrer uma "(...) manifestação epiléptica crítica, e durante a qual o paciente interpreta mal sensação ou sensações sonora(s) (...)". Já pensou então você ter uma coisa dessa lendo meu livro, rapá?

cê que sabe então.

Daniel Bosi.