Então aí eu escreveria uma coisa bem bonitinha, mas chega de beijos porque nasci de cólera. Então eu nasci e minha mãe gostava do John travolta. Meu pai sempre curtiu led zeppelin e eu chorava quando brigava com meu irmão. Minha mãe me apresentou a ópera tommy. meu pai chegava tarde do trabalho. Dizia que bebia porque tinha que puxar o saco do chefe. Minha mãe jogava tarô e meu pai brincava de caratê comigo. Eu tinha um playground com latas de lixo. Eu pintava de azul a parede e gritava que eu tinha um sino da liberdade. Eu não sabia quem era a liberdade por mais estranho que se possa falar nisso. Eu tinha um amigo que queria ser o Lex Luthor. Eu nunca quis ser o Super-Homem. Mas confesso que já quis ter o cabelo dele. Eu me assumo: eu tinha gel NY looks. No outro lado tinha uma mulher de bigode que varria a casa. Eu só a vi uma vez. Ela nunca sorria. Talvez porque tinha bigode. No asfalto pintavam o He-man para as festas de fim de ano. Mais tarde tinha o Pepsinho e o amarelinho, mascotes da copa do mundo. Tipo nove horas da manhã: vi silfo detrás da montanha que de lá vinha bala. Feria cadeira feria coragem, silfo dava luz. eu não sou mentiroso de seis anos. Meu pai é comerciante capixaba, minha mãe, psicóloga carioca. quem sou eu? -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
domingo, 21 de abril de 2013
de um tipo de Infância
Então aí eu escreveria uma coisa bem bonitinha, mas chega de beijos porque nasci de cólera. Então eu nasci e minha mãe gostava do John travolta. Meu pai sempre curtiu led zeppelin e eu chorava quando brigava com meu irmão. Minha mãe me apresentou a ópera tommy. meu pai chegava tarde do trabalho. Dizia que bebia porque tinha que puxar o saco do chefe. Minha mãe jogava tarô e meu pai brincava de caratê comigo. Eu tinha um playground com latas de lixo. Eu pintava de azul a parede e gritava que eu tinha um sino da liberdade. Eu não sabia quem era a liberdade por mais estranho que se possa falar nisso. Eu tinha um amigo que queria ser o Lex Luthor. Eu nunca quis ser o Super-Homem. Mas confesso que já quis ter o cabelo dele. Eu me assumo: eu tinha gel NY looks. No outro lado tinha uma mulher de bigode que varria a casa. Eu só a vi uma vez. Ela nunca sorria. Talvez porque tinha bigode. No asfalto pintavam o He-man para as festas de fim de ano. Mais tarde tinha o Pepsinho e o amarelinho, mascotes da copa do mundo. Tipo nove horas da manhã: vi silfo detrás da montanha que de lá vinha bala. Feria cadeira feria coragem, silfo dava luz. eu não sou mentiroso de seis anos. Meu pai é comerciante capixaba, minha mãe, psicóloga carioca. quem sou eu? -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
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