a flauta torta que toca,
faz música diferente
o som chega e se instala
gostosa reviravolta
no seu ouvido outrora triste
a flauta que chega e te bate
pra você virar e olhar
dança lá dentro bem dentro
aonde ninguém pode entrar
o som da flauta quebrada
se arranha pelo mundo astral
nota arranhada flauta quebrada
ouvido que voa
ouvido visceral.
a flauta segura que ela
é mais do que o flautista
porque ela, só ela
é quem na verdade,
te toca a todo tempo
a toada é qualquer sopro que possa fazer
a gente ver tudo pulando sob a luz
amarela-opaca
mas todas as cores vivem e se espalham
se mesclam com as cores fracas e intensas
da luz
do vinho
da blusa dela
a cor do próprio som
é a cor da música sem nome
flauta modernamente contemporânemente experimentalmente transcedentalmente
acidental.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
cidades perdidas

para Milton César Pontes
dorme e acorda pensando
em todas as Lamúrias
Pensa dormindo com todas as Lemúrias.
e Ele, que descomemora o próprio luto,
que das cidades perdidas se perdeu
cada homem é uma cidade.
todo homem pensa enquanto a cidade
dorme.
um girassol escondido em sua pele
e ele sonha como os girassóis giram.
a figura velha e nova todas as idades
em apenas dois Olhos e trezentos mundos
(cada cidade é um mundo)
Então, meu irmão,
só sabemos que somos órfãos de
Vênus.
terça-feira, 17 de maio de 2011
Tudo o que era demais não fazia mal?
hoje dia está
meio bonito
meio frio
hoje chove.
Hoje desagua em nós
A água fria que vem do oceano.
Entre o cabo verde
E o litoral na costa do Brasil.
Hoje também teve terremoto.
Porque a música que corre nas veias desses povos
Foi ouvida pelas placas tectônicas,
E elas resolveram dançar.
Sol e chuva: me batem.
Terremotos de música: batem nas pedras e nas placas.
Bate a claridade no corpo e ele queima.
Bate um escaldante sol, os olhos ardem.
E de repente, tudo bate, e chega a ditadura do bater.
Tudo tem que bater.
Tem que saber receber, amor e desamor.
Aí vem o samba, que maravilha, dizem uns..
Aí vem a micareta, que horror! – dizem outros.
Aí vem rock n’ roll, bando de vagabundos!
Aí vem a polícia, corre!
Aí vem os bandidos, corre!
aí vem o sol escaldante, que bom!
Aí vem o sol escaldante, que ruim!
Lá vem a religião disfarçada de política, ai meu Deus, não!
Muitas coisas vêm, do Brasil até você.
Tem outras que vem também do Brazil com Z.
Mas no fim todos se confundem,
É Brasil, é tropical, é anormal, é Caetano, Jorge Mautner, carnaval.
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