tão complexas as estações que passam,
sempre anunciam uma nova era
pois é atravessando um longo inverno
que se chega à primavera.
mas era essa, a estação que abriga
suas madeiras e suas folhas
para não florear perto de mim, você então se escondia.
Porém eu te encontrava,
atrás do alfaiate que lhe fez bonitas vestes
toda a camuflagem um dia surge
da tristeza dos velhos ciprestes;
o centro da floresta que urge
bradando cálidos cantos silvestres.
De um outono que trouxe à tona,
as frutas de uma árvore oculta
em silêncio também chorava,
a queda de suas folhagens.
Aguardei, vi o sol chegar
esquentar as tuas ramagens,
Para deixa-la bem macia,
O sol então, acaricia,
Todo o caule do alecrim,
como lírios selvagens inebriados
Pelo cheiro doce da flor de jasmim.
São como camomilas recém-colhidas
Unidas a uma fresca flor-de-baunilha,
Banhadas em puro mel de abelha,
Como néctar que escorre
d’um riacho que se assemelha,
desagua no lago que espalha,
a luz que decerto te espelha.
Vênus, pátria das abelhas
me abriu um sorriso largo
estava feliz porque sabia
suas filhas extrairiam
o sumo de todas as flores,
que transformam a lágrima salgada
em serenos rios de água doce.
e mesmo que estivessem geladas
por um resquício da friagem
as abelhas aguentam, e seguem viagem,
molhada por obra de fortes chuvas,
a abelha sempre enfrenta
o nível de toda situação
para fazer o seu mesclado
à todos os cheiros se atenta,
procura calêndulas e melissas,
dálias e rosas sem espinho,
e por cada dia da estação,
também recolhe no caminho,
alguns dentes-de-leão.
Eu pude ver a cor da voz
Cada som assim mostrava
um lábio coberto, um gosto incerto
suavemente aveludava
na avelã e no mel
casados com outros gostos,
que lembravam as frutas vermelhas
sei que aqui habitam abelhas
que arquitetam as suas casas;
a colmeia é arte sacra,
na forma do moinho de vento,
para que o pólen se propague
o moinho toma coragem
de superar um cata-vento
a luz opaca da aurora,
revela os versos que eu fiz;
no coração da flora, mora
o segredo da flor-de-lis.